Nos últimos anos, houve um aumento significativo nos diagnósticos de TDAH. As redes sociais, a sociedade da produtividade e o excesso de estímulos criaram um cenário em que o cérebro precisa estar constantemente atento, processando milhares de informações ao mesmo tempo. Nesse contexto, não é incomum sentir cansaço mental, dificuldades de concentração, esquecimentos ou até agitação. Mas isso, por si só, não significa que você tem TDAH.
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade vai além da desatenção ocasional ou da ansiedade diante de tantas demandas. Trata-se de um transtorno neurológico que altera o funcionamento cerebral e pode trazer prejuízos importantes para a vida do indivíduo. Entre eles, estão: dificuldade em organizar tarefas, esquecimento de compromissos, impulsividade, conflitos interpessoais, gastos compulsivos e, em alguns casos, maior vulnerabilidade ao uso de substâncias.
Por isso, é importante entender que nem toda dificuldade de foco ou desorganização indica TDAH. Diagnosticar esse transtorno exige avaliação criteriosa, geralmente envolvendo um médico, muitas vezes um psiquiatra, e também acompanhamento psicológico. Não basta se identificar com vídeos ou listas de sintomas nas redes sociais ou automedicação sem prescrição. É um processo que precisa de análise aprofundada e, quando necessário, tratamento contínuo.
Além disso, é importante lembrar que sintomas como a procrastinação, adiar tarefas, evitar decisões, fugir de compromissos, podem estar presentes no TDAH, mas não são exclusividade dele. Muitas vezes, procrastinar é um mecanismo de defesa. É a mente tentando nos proteger da ansiedade que determinadas tarefas provocam: o medo de falhar, o receio de perder vínculos, a sensação de não estar à altura ou até a necessidade inconsciente de manter o controle sobre o próprio tempo.
Por isso, nem sempre o problema está na agenda, no planner ou na organização. Muitas vezes, está no desejo: no que aquela tarefa representa, no que ela mobiliza internamente e no que revela sobre nós mesmos.
O diagnóstico de TDAH, quando necessário, não se encerra no nome. Ele abre caminho para um cuidado contínuo, que envolve compreender os sintomas, suas causas e os efeitos que produzem na vida. Antes de concluir “tenho TDAH”, é fundamental escutar o que o seu comportamento quer dizer sobre você.
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